Por Professor Audrei Pavanello

 

O cigarro é um dos principais causadores de doenças graves em todo o mundo e continua sendo uma das maiores ameaças à saúde pública. Entre os seus inúmeros malefícios, destaca-se a forte ligação com diversos tipos de câncer. Um dos mais agressivos é o câncer de esôfago, que surge devido ao contato contínuo da mucosa esofágica com as substâncias tóxicas da fumaça do cigarro. Com mais de 7 mil compostos químicos, muitos deles comprovadamente cancerígenos, o cigarro provoca danos celulares e inflamações constantes, levando a mutações genéticas que favorecem o desenvolvimento de tumores.

Outro câncer intimamente relacionado ao tabagismo é o câncer de boca, responsável por cerca de 80% dos casos em fumantes. O contato direto da fumaça com a mucosa bucal agride os tecidos e pode provocar feridas persistentes, manchas brancas ou vermelhas, dor, rouquidão e sangramentos. Já o câncer de laringe, que afeta as pregas vocais, é mais um resultado da exposição contínua às toxinas do cigarro, com sintomas como rouquidão crônica, dor ao engolir e, em casos avançados, dificuldade para respirar ou perda da voz.

Além desses, o cigarro também está associado a uma grande variedade de outros tipos de câncer, como os de pulmão, estômago, fígado, pâncreas, rim, bexiga, colo do útero e até algumas leucemias.

Engana-se quem pensa que os danos do cigarro se restringem aos fumantes. O tabagismo passivo — ou seja, a exposição à fumaça do cigarro por pessoas que não fumam — é extremamente prejudicial à saúde. A fumaça que sai da ponta do cigarro ou é exalada pelo fumante contém substâncias tóxicas que permanecem no ar, especialmente em ambientes fechados. Crianças, por exemplo, são altamente vulneráveis a esse tipo de exposição, pois respiram mais rapidamente e ainda têm o sistema imunológico em desenvolvimento.

Os efeitos incluem aumento nos casos de bronquite, pneumonia, asma, rinite, sinusite e infecções de ouvido. Além disso, há evidências de que o tabagismo passivo pode prejudicar o desenvolvimento neurológico das crianças, afetando a aprendizagem, o comportamento e até contribuindo para o surgimento de distúrbios como o TDAH.

Em gestantes, a exposição à fumaça pode resultar em sérias complicações, como parto prematuro, baixo peso ao nascer, restrição do crescimento intrauterino e, em casos mais graves, síndrome da morte súbita infantil (SMSI). Já nos adultos, mesmo aqueles que nunca fumaram, a exposição prolongada pode causar doenças cardiovasculares como infarto e AVC, doenças respiratórias crônicas como DPOC, além de aumentar o risco de diversos tipos de câncer, principalmente o de pulmão.

Pouca gente sabe, mas o cigarro também compromete a fertilidade de homens e mulheres. Nas mulheres, o tabagismo pode causar alterações hormonais, ciclos menstruais irregulares, diminuição da reserva ovariana e aumento do risco de gravidez ectópica. Já nos homens, fumar pode afetar a qualidade do sêmen, reduzindo a contagem e motilidade dos espermatozoides, além de provocar anomalias morfológicas e danos ao DNA espermático, o que pode dificultar a fecundação e levar a abortos espontâneos.

Por outro lado, estudos mostram que parar de fumar pode melhorar significativamente a fertilidade e aumentar as chances de uma gravidez saudável.
Os benefícios de parar de fumar começam quase imediatamente. Nos primeiros 20 minutos sem cigarro, a pressão arterial e os batimentos cardíacos começam a se normalizar. Após 8 a 12 horas, os níveis de monóxido de carbono no sangue diminuem, permitindo uma melhor oxigenação do corpo. Em poucos dias, o paladar e o olfato melhoram, a respiração se torna mais fácil e a tosse diminui.

A longo prazo, os ganhos são ainda maiores: depois de um ano sem fumar, o risco de infarto cai pela metade. Com o tempo, também diminui o risco de câncer, AVC, enfisema e outras doenças graves. Além disso, parar de fumar melhora a qualidade de vida, as relações familiares, reduz os gastos financeiros e protege a saúde das pessoas à sua volta.

O cigarro é responsável por inúmeros problemas de saúde, muitos deles fatais. Ele aumenta significativamente o risco de câncer, compromete os sistemas respiratório, cardiovascular e reprodutivo, e ainda afeta diretamente quem convive com o fumante. Abandonar o cigarro é uma decisão difícil, mas é, sem dúvida, uma das escolhas mais importantes e transformadoras que uma pessoa pode fazer. Nunca é tarde para parar de fumar, e os benefícios começam desde o primeiro momento. Seu corpo agradece — e as pessoas ao seu redor também.

 

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