A quarentena domiciliar devido à pandemia de Covid-19 tem agravado a violência contra crianças e adolescentes com o aumento dos casosPor outro lado, durante o isolamento, houve redução no número de denúncias. Dia 4 de junho é o Dia Mundial das Crianças Vítimas de Agressão, criado pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1982, com o intuito de organizar ações e denúncias contra a violência infantil. data também alerta a sociedade para o sofrimento das vítimas e apoia o trabalho de instituições que se dedicam a essa causa.  

De acordo com a Dra. Luci Pfeiffer, médica pediatra, psicanalista e coordenadora do Programa Dedica dos Amigos do HC, os estudos mostram que a maior parte dos casos de violência infanto-juvenil acontecem dentre de casa e durante esse período de isolamento social, o risco de maus-tratos é muito maior. “Fora da escola e do olhar dos profissionais de saúde e da sociedade, estão sendo mantidos isolados com seus mais frequente agressores, pais, responsáveis, parentes próximos ou conviventes, sem condições de pedir ajuda”, alerta. “Nesse momento único na vida de todos, é ainda mais importante voltar o olhar e cuidado a garantir a integridade física e psicológica das crianças e adolescentes”, conclui.  

A coordenadora explica que a agressão contra crianças e adolescentes pode ser física, psíquica e psicológica, sexual, negligência ou omissão de cuidar, causando diversos danos às vítimas. Toda agressão pode deixar marcas físicas ou psíquicas que impeçam seu desenvolvimento saudável e prejudiquem sua capacidade de lutar pela vida. Quanto maior o laço dos agressores, homens ou mulheres, com a vítima, quanto mais precoce e mais duradoura, maiores os danos. 

Para Dra. Lucia sociedade precisa ter conhecimento de que a violência pode acontecer em todos os níveis sociais, de escolaridade, cultura, raça e credo. Diante disso, os adultos sadios devem proteger a infância e a adolescência, denunciando para livrá-los da violência, acompanhando para garantir a cada vítima o tratamento adequado e protegendo de novas agressões. 

Para isso, a denúncia é a primeira atitude. Existem vários canais de denúncia, que pode ser feita de forma anônima. Ligue 156 (Prefeitura de Curitiba), 181 (Disque-denúncia estadual) ou 100 (Dique- denúncia nacional).  Também é possível buscar ajuda e orientação no Conselho Tutelar, Defensoria Pública, Ministério Público, Juizado da Infância e Juventude, Delegacias Polícia Militar, nos dois últimos caso a violência esteja acontecendo no momento da denúncia.  

Programa Dedica 

O Programa Dedica – Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, mantido pela Associação dos Amigos do Hospital de Clínicas, presta assistência interdisciplinar e intersetorial gratuita às vítimas de violências graves e gravíssimas, aos seus responsáveis e agressores, esses quando passíveis de tratamento. 

No Programa Dedica, as crianças e a adolescentes são atendidos por profissionais especialistas nas áreas de pediatria, psicologia, psicanálise, psiquiatria e assistência social. Ao todo, 200 a 240 pacientes são atendidos em sessões e consultas semanais, entre vítimas, responsáveis e agressores. No ano de 2019, foram realizados mais de 7 mil atendimentos, sendo uma média 600 por mês.  

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