A prática de exercícios físicos regulares contribui para se evitar principalmente as doenças cardiovasculares

Com o avanço da tecnologia e da medicina, as pessoas estão vivendo mais hoje em dia. Nas últimas cinco décadas, a expectativa de vida do brasileiro aumentou em 19 anos, passando de 57,6 anos, em 1970, para 76,6 anos, em 2019, segundo dados do IBGE – entre homens, a expectativa atual é de 73,1 anos, e para as mulheres é de 80,1 anos.

Mas para chegar a essa longevidade desejada, é preciso cuidar muito bem da saúde. “Hoje, temos diagnósticos precoces, melhores ferramentas medicamentosas, mas é preciso continuar atuando nos fatores de vida modificáveis como combater a obesidade, ter hábitos alimentares saudáveis, combater o tabagismo, administrar o estresse, que é uma constante na vida de todo mundo, moderar o consumo de álcool, controlar a hipertensão e o diabetes”, diz o cardiologista Francisco Maia, chefe do Serviço de Cardiologia da Santa Casa de Curitiba.

Segundo ele, juntamente com o câncer, as doenças infecciosas parasitárias e os acidentes automobilísticos, houve também um aumento expressivo das doenças cardiovasculares – infarto ou acidente vascular cerebral (AVC) -, principalmente na última década. “Desse total, as doenças cardiovasculares representam 40% de todas as mortes. Isso vai de encontro aos hábitos alimentares errôneos, o fast food, o sedentarismo, o estresse”, revela ele, lembrando do “cardiômetro” da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), que mostra que, atualmente, a cada 1min17s, morre um brasileiro do infarto do miocárdio. Pela contagem, neste ano, devem morrer quase 400 mil pessoas de doenças do coração no Brasil – veja em www.cardiometro.com.br.

E o cenário atual da pandemia do novo coronavírus mudou muito a qualidade de vida, levou a um novo estilo de vida da população, com as pessoas mais isoladas em casa. “O isolamento social leva a uma redução da atividade física, causa ansiedade, e aí se come mais. Dessa forma, temos um ciclo vicioso que começa a ter um impacto na balança”, confirma o médico, que é membro titular da SBC.

Em suas palestras em eventos da área médica, ele chama a atenção para o que nominou de quinteto maligno, a síndrome metabólica composta de cinco variáveis: a circunferência abdominal, que é considerada obesidade visceral pela diretriz da SBC se estiver acima de 94cm para o homem e acima de 80cm para a mulher; a hipertensão arterial;  a disglicemia, com o nível de glicose no sangue acima 100mg/dl (miligramas por decilitro); os triglicerídeos acima de 150mg/dl; e o baixo HDL (colesterol bom), que fica reduzido quando a taxa de  triglicerídeos é elevada, juntamente com a falta de atividade física.

Caminhada

Para ajudar a combater esses problemas, uma das atividades físicas mais indicadas é a caminhada, importante para todas as idades, mas principalmente para os mais idosos. A caminhada estimula o retorno venoso, a circulação arterial, o coração, melhora a expansividade e a atividade pulmonar, queima calorias, ajuda a reduzir o peso e aumenta o HDL. É importante também no nível osteomuscular, pois melhora as articulações. “Os benefícios são inúmeros. A caminhada também é importante para o controle da pressão arterial, pois induz um relaxamento arterial. Os idosos, principalmente, têm que caminhar. Brinco com meus pacientes que se ficar parado, enferruja. E o exercício é necessário para desenferrujar”, afirma Maia. 

O cardiologista destaca que é fundamental realizar atividades físicas de uma maneira segura. É necessário sempre fazer uma avaliação cardiológica para se ter uma orientação da carga de exercícios, de quanto se deve caminhar, de como caminhar e para saber o quanto o aparelho cardiocirculatório de cada um está adaptado à atividade que será realizada. “O mais importante da atividade física é fazê-la no final da tarde ou no final da manhã, e não no início da manhã”, revela. 

Ele lembra que, das 6 às 10 horas da manhã, o organismo humano passa pelo ciclo circadiano, nosso relógio biológico. “É nesse período que existe a maior descarga adrenérgica no nosso organismo, com o aparelho cardiocirculatório mais estimulado e sobrecarregado, o que aumenta o risco de eventos. Pela manhã é quando as pessoas sofrem mais infarto e AVC, pois a pressão está mais alta nesse horário”, completa.

As diretrizes da SBC, assim como em vários países da Europa e nos Estado Unidos, indicam que os exercícios físicos devem ser feitos pelo menos três vezes por semana, com uma caminhada de pelo menos 40 minutos ao dia pelo menos. “Se conseguir andar mais, melhor. Se conseguir fazer atividades físicas todos os dias, melhor ainda”, confirma Maia.

É o que segue a aposentada Alba Maria Lugokenski, de 66 anos, que trabalhou como professora e também como bancária durante sua vida profissional. ”Comecei a praticar exercícios regulares aos 55 anos, para me manter ativa e com saúde, e para me adequar ao avanço da idade”, diz ela, que, atualmente, pratica ioga, musculação e corrida de rua. “Treino diariamente, alternando as atividades: musculação duas vezes por semana; ioga três vezes por semana; e corrida também três vezes por semana”, informa.

Para ela, os benefícios da prática da atividade física são inúmeros. “Mantém meu corpo flexível, músculos fortalecidos e peso equilibrado. Além disso, traz sensação de bem estar e alegria. Participando de grupos de corrida, convivo com pessoas de todas as idades, faço novos amigos que têm o mesmo objetivo: cuidar da saúde. Participo de provas, o que também é muito prazeroso”, revela.

Alba recomenda o exercício físico para todas as idades, “principalmente para nós idosos que, depois de aposentados, com os filhos crescidos e saindo de casa para formar suas próprias famílias, precisamos buscar novos objetivos. Ocupar o tempo que nos sobra com o exercício que mais nos identificamos faz a vida mais saudável e divertida”.

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