Mudar hábitos alimentares é importante para se evitar diversos problemas de saúde

A rotina cada vez mais atribulada das últimas décadas fez com que muitas pessoas se descuidassem de sua alimentação. Boa parte da população mundial que tem acesso a alimentos não consome grande quantidade de produtos saudáveis para o organismo, além de comer de forma errada. No Brasil, assim como em vários países, há um consumo excessivo de alimentos processados e ultraprocessados, e com excesso de gordura saturada, sódio e açúcares.

Um estudo do IBGE, com dados de 2017 e 2018, mostra que o consumo de produtos ultraprocessados aumentou no Brasil, enquanto o de arroz e feijão está em queda. Segundo reportagem recente do jornal O Estado de S. Paulo, outro estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), indicou que, durante o isolamento social, entre jovens adultos brasileiros na faixa de 18 a 29 anos, 63% estão consumindo chocolates e outros doces em dois dias ou mais por semana, um aumento de 6% em relação ao período anterior à pandemia. O consumo de embutidos (presunto, salsicha, salame, etc.) e hambúrgueres teve um aumento de 5%, e o de congelados de 4%.

Mas outro levantamento, do NutriNet Brasil da Universidade de São Paulo (USP) – que pretende acompanhar a alimentação de 200 mil brasileiros em dez anos -, observou que, durante a pandemia, os voluntários da pesquisa aumentaram o consumo de produtos in natura, como hortaliças, frutas e feijão – mas, nas regiões Norte e Nordeste, o consumo de ultraprocessados aumentou.

“A má alimentação está relacionada ao estresse e ao cansaço vividos nos tempos atuais. Mas, com a pandemia, muitas pessoas também têm se alimentado mais em casa e, consequentemente, optado por uma alimentação mais saudável e natural, consumindo mais frutas e vegetais no dia a dia, o que melhora muito a qualidade de vida”, destaca a nutricionista Andressa Morais da Rocha.

Segundo ela, é necessário que todos coloquem uma boa alimentação como uma prioridade de vida. Ela indica que uma alimentação balanceada deve ser completa em nutrientes, com carboidratos de boa qualidade – como os produtos integrais, as raízes, os tubérculos, a batata doce, a batata salsa, mandioca. O consumo diário pode incluir ainda uma proteína de origem vegetal como o feijão, a lentilha ou grão de bico; uma proteína magra como uma carne vermelha de baixo teor de gordura, ou frango, peixe e ovos; além de vegetais crus, que aumentam a quantidade de fibras, melhorando toda a saúde intestinal. Comer frutas e tomar água, mantendo a hidratação, também é muito importante para se ter uma boa saúde.

Outro fator que deve ser levado em consideração é a forma que nos alimentamos. “É preciso ter um horário certo. Uma disciplina na hora de se alimentar é de extrema importância para a saúde. É importante prestar atenção quando estamos nos alimentando, deve-se deixar aparelhos eletrônicos de lado, fazer com o cérebro associe aquela alimentação como realmente saciedade”, afirma Andressa.

A nutricionista também alerta sobre os perigos de se restringir ou retirar alimentos do cardápio diário, o que muitas vezes acontece para quem faz dietas sem acompanhamento médico. “A alimentação saudável é equilibrada e deve ser adequada individualmente para cada pessoa. Quando fazemos a restrição severa de algum alimento por um longo período, isso pode gerar uma compulsão alimentar. A orientação de um profissional é muito importante em qualquer reeducação alimentar ou dieta. O ideal é manter todos os nutrientes de forma adequada e equilibrada”, ressalta.

Reeducação alimentar

O consumo exagerado de alimentos ultraprocessados, gordurosos, com muito sódio, açúcares, corantes e aditivos pode levar a diversos problemas de saúde como diabetes, obesidade, hipertensão e doenças cardíacas, os quais podem se agravar ainda mais atualmente, com a presença da Covid-19 no organismo.

Para se precaver de possíveis males, é necessário mudar hábitos, fazer uma reeducação alimentar. Foi o que a cantora e produtora musical Thauana Prestes realizou recentemente. Ela conviveu com o sobrepeso nos últimos anos por conta da ansiedade e da compulsão alimentar. “Eu me alimentava muito mal, descontava na comida todo e qualquer problema que tinha, vivia de fast food, embutidos, enlatados. Só consumia comida processada, era uma alimentação muito ruim. Todas as vezes que tentava fazer uma dieta, não dava certo porque também não tratava meu psicológico, sempre voltava à estaca zero. Os problemas que essa situação causava eram muitos. Fora o sobrepeso, estava sempre cansada, sem disposição”, relata.

Thauana buscou a ajuda de uma nutricionista para organizar uma dieta específica para ela, que levou em conta seus horários e gostos. “A reeducação alimentar foi muito satisfatória para mim. É a partir dela que perdemos peso realmente. Hoje, tenho uma alimentação muito mais regrada, como mais frutas, verduras e legumes, uma alimentação mais natural com bem menos processados. Estou bem com meu peso atual, minha vida é outra, muito mais regrada. Pratico exercícios físicos também”, confirma ela, que também fez tratamento psicológico para resolver a compulsão alimentar e tratamento natural à base de fitoterápicos para a ansiedade.

Segundo a nutricionista Andressa Rocha, a mudança de hábitos alimentares deve ser gradativa. “A partir do momento em que reduzimos o consumo de alimentos industrializados e ultraprocessados, e passamos a nos alimentar com produtos mais saudáveis, naturais e integrais, já estamos reeducando nossa alimentação e contribuindo para a melhora da saúde, na redução de problemas do coração, diabetes e hipertensão”, afirma. “A reeducação alimentar deve ser feita de maneira constante, para que a pessoa comece a aderir às mudanças de forma gradativa, veja suas conquistas e não desista do processo. Com o tempo, ela vai aproveitar todos os benefícios de uma alimentação correta e saudável”, completa.

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