No próximo sábado, 15 de maio, a violência contra crianças será o tema central de debate do fórum científico Battered Child ou Síndrome da Criança Espancada, em tradução livre. O evento online é realizado pela Sociedade Paranaense de Pediatria, com apoio da Sociedade de Radiologia do Paraná e do Programa DEDICA, Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente, dos Amigos do HC. De acordo com a pediatra, psicanalista e coordenadora do Programa DEDICA, Luci Pfeiffer, a violência contra crianças e adolescentes é uma doença crônica e progressiva e tende a piorar de geração em geração se não for impedida e tratada da maneira adequada. “Nós temos muitos Henrys, alguns chegam à mídia, mas nem todos”, afirma.

O caso do menino Henry Borel, espancado até a morte no Rio de Janeiro chocou o país, e motivou em parte o fórum de discussões, que acontece das 8h às 18h, abordando tratamento, diagnóstico e notificação de violência contra crianças e adolescentes. A ideia é que o debate ocorra todo ano nesta época, porque 18 de maio é o Dia Nacional contra a Violência e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. “O maior número de violência grave acontece dentro de casa, cometida por algum membro da família ou da convivência. São os casos que levam à morte, infelizmente”, acrescenta a coordenadora do DEDICA, que atende casos de violência grave e gravíssima.

De acordo com as estatísticas do DATASUS, emitidas pelo Ministério da Saúde, o Brasil registrou 19 mortes de crianças e adolescentes por dia entre 2018 e 2019. Só em 2018 foram 140 mil registros de agressões. Depois que a pandemia começou, em 2020, as denúncias caíram, mas a Dra. Luci Pfeiffer acredita que os casos continuam a acontecer. “Com certeza. Nós tivemos aumento superior a 50% de denúncias de violência contra a mulher e a testemunha é a criança. Mas, estranhamente diminuíram as denúncias contra crianças, porque elas estão fora da escola. A criança perdeu os mecanismos de proteção e de pedido de ajuda”, conta.

Criança precisa ser ouvida

Segundo ela, vizinhos e parentes são fundamentais no diagnóstico e notificação do problema junto às autoridades competentes. “Tios, avós, madrinhas e padrinhos devem oferecer ajuda e orientação, escutar a criança e levá-la para receber assistência médica e psicológica, notificar o Conselho Tutelar ou o Ministério Público, ao primeiro sinal de maus tratos”, acrescenta. Isso pode ser feito de forma anônima, sem que a pessoa se identifique. As denúncias podem ser feitas pelo telefone 156, em Curitiba, pelo Disque 100, do Governo Federal, canal para denunciar maus tratos contra crianças e adolescentes ou pelo 190, o número da polícia, quando houver uma situação de flagrante.

Ainda segundo a pediatra, a criança sempre tenta contar que algo está acontecendo, seja com as marcas no corpo, seja com um comportamento diferente do normal, como agressividade, medo ou dificuldade de aprendizagem na escola. “Ela tem que ser levada ao pediatra, examinada. Mas, se os agressores estão dentro de casa, eles não vão fazer isso. A criança precisa ser escutada. Qualquer pequena reclamação tem que ser levada a sério. Ninguém que sofre violência continua com um comportamento normal”, enfatiza a psicanalista, que fará a primeira palestra do evento, com o tema Aspectos Clínicos de Alerta da Violência Contra a Criança e o Adolescente, às 8h15.

Serviço:

Battered Child

Data: 15 de maio

Horário: 8h às 18h

Inscrições gratuitas: https://www.sympla.com.br/battered-child—forum-violencia-contra-criancas-como-diagnosticar-tratar-e-notificar__1186312

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