Muitos consideram tabu, tem preconceito ou não gostam de falar sobre, mas a sexualidade na terceira idade é saudável e faz parte da vida, como as demais coisas. Ela envolve aspectos que vão muito além do contato íntimo, como carícias, toques e beijos e um bom relacionamento afetivo. Não há padrão ou regra em como deve ser trabalhada essa questão na vida de cada um. Ela simplesmente acontece, do seu jeito e no seu ritmo.

A velhice não significa um fim. Na verdade, é uma etapa da vida como todas as outras, cheia de significados, mudanças e descobertas. Para muitos, ela é vista como um momento de aproveitar tudo que antes parecia não haver tempo e de aumentar a confiança com coisas que antes éramos tão inseguros. Mas, uma coisa é certa: ela é uma fase única e que deve ser aproveitada da melhor forma possível, principalmente no que diz respeito à sexualidade, sendo uma oportunidade de saborear novos prazeres. 

Infelizmente, por causa das barreiras que rodeiam esse tema, muitos homens e mulheres envelhecem sem saber exatamente como as mudanças que ocorrem em seu corpo podem influenciar na vida sexual. Essas mudanças variam de gênero para gênero:

Climatério: ocorre entre as mulheres e caracteriza-se pelo período de transição entre a fase reprodutiva e a frase não-reprodutiva. Nesta fase, alguns sintomas podem aparecer, como irregularidades menstruais, irritabilidade, labilidade emocional, alterações na pele, mamárias e cardiovasculares.

Menopausa: também ocorre entre as mulheres e caracteriza o fim definitivo da menstruação. sintomas como ondas de calor, alteração no padrão do sono, secura vaginal, diminuição da libido e sintomas depressivos podem aparecer.

Andropausa: acontece entre os homens e é um período que ocorre com o avançar da idade e a diminuição da produção de vários hormônios, principalmente, a testosterona – o hormônio sexual masculino. Para os homens, o processo de mudança é mais lento, com manifestações menos aparentes que nas mulheres. Sintomas como aumento da gordura corporal, tendência à anemia, perda de interesse sexual, apatia e depressão, irritabilidade, insônia, podem ser observados.

Porém, não é apenas com alterações no corpo que precisamos nos preocupar, mas com as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) também. O sexo e o prazer são e devem ser explorados por todos, e nada melhor que aproveitá-los na terceira idade com segurança e consciência. A melhor forma de prevenir essas doenças é a mesma para todas as idades: utilizando preservativos. É muito importante que o cuidado permaneça ao longo da vida, já que as camisinhas são a principal ferramenta que nos protege de diversas doenças, muitas delas graves, pois as DSTs são transmitidas através do contato e fluidos. 

O médico geriatra Carlos Cusmanich reforça que a sexualidade varia de idoso para idoso, da sua condição de saúde e do seu perfil sexual anterior, mas é muito importante o uso do preservativo, independente do caso. “A única questão que deve ser analisada é a saúde, além de checar como está sua saúde para a vida sexual, o idoso precisa tomar cuidados com problemas e doenças que existem com a prática do sexo. Não é porque estamos mais velhos que não é mais possível adquirir doenças sexualmente transmissíveis, pelo contrário, precisamos ter ainda mais cuidado devido a saúde mais frágil e aí entra a importância do uso de preservativo e outros cuidados específicos para cada paciente”, explicou Cusmanich. Segundo o médico, a sexualidade está se tornando cada vez mais importante pois antigamente tratava-se o idoso como uma pessoa sem vida sexual ativa, o contrário do que de fato acontece. Hoje, as pessoas querem manter ou reativar sua vida sexual depois dos 60 anos e para isso devem consultar o médico geriatra e outros profissionais.

A psicóloga Iris Tebet, que atua em uma casa para idosos, comenta que o assunto ainda é um grande tabu, mas isso é tratado pela equipe no dia a dia. “Conversamos claramente, às vezes até em rodas de conversas. A equipe é orientada a lidar com situações que podem surgir, como ereção nos momentos de higiene ou masturbações. A equipe deve ficar atenta também a problemas clínicos que possam surgir nos órgãos sexuais, para encaminharmos profissionais específicos.”, conta Iris. Ela também reforça  que “a sexualidade está presente até o fim da vida. Idosas que mantêm a vaidade e se arrumam mais por conta de outro idoso, que sentam-se juntos de mãos dadas ou que tentam apalpar. Quando extrapola, por conta de uma perda de crítica por demência, fazemos um trabalho de orientação e cuidamos para evitar exposição inadequada.”, completa a psicóloga.

A informação continua sendo nossa grande aliada, isso porque os médicos ginecologistas e urologistas não são nossos amigos apenas na prevenção de doenças, mas na manutenção da vida sexual também. Na terceira idade, as mudanças físicas influenciam no sexo, como por exemplo, a secura vaginal. Por causa disso, os lubrificantes são muito importantes para garantir o prazer e evitar dores e até machucados durante a relação íntima. Mais uma vez, a conversa e o debate sobre sexo na terceira idade é tão importante, principalmente a conversa com o médico, que vai orientar para as melhores ferramentas e formas de garantir o bem-estar e a saúde sexual. 

Em relação aos medos, inseguranças e sentimentos, consultar um psicólogo regularmente é essencial, além de ajudar na prevenção de doenças comuns na terceira idade, como a depressão, ele ajuda também a superar medos, traumas e preocupações que surgem durante a relação sexual, como o medo de perder o libido e a ereção, e de não ter um desempenho satisfatório.

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